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5 de abr. de 2012

Os três estágios do desenvolvedor

Por: Sergio Taborda
Em: http://feedproxy.google.com/~r/javabuilding/sergiotaborda/~3/2-_zwn85grA/


Ha já algum tempo que queria voltar ao assunto do percurso na carreira e como diferenciar um júnior de um sênior e revisitar o que escrevi ha uns anos atrás. É que hoje em dias estas palavras são jogadas no meio das frases meio que avulso. Então venho pensando como abordar este assunto de uma maneira clara e que possa fornecer uma taxionomia mais correta.

Precorrendo a blogosfera me deparei com um excelente e engraçado artigo que aborda exatamente este problema. O artigo se utiliza da classificação de Alistair Cockburn baseada nos estágios do Aikido : Shu, Ha , Ri que se traduzem – segundo o texto – em algo como: Aprender, Desprender e Transcender.

O curioso aqui é que se enxergam 3 estágios. E poderíamos associá-los a : júnior, pleno e sênior respetivamente. Contudo estaríamos cometendo o mesmo erro que todos cometem que é tentar usar as palavras costumeiras para transmitir ideias diferentes. Para o pessoal de RH pleno não é uma capacidade é um cara que trabalha na área ha 2 ou 3 anos. Este erro grasso de vincular tempo com experiencia é o mesmo erro de vincular tempo com esforço. Tempo é tempo. Nada mais. O fato da pessoa passar 3 anos na área não diz nada sobre o seu nível.

Então, pensando em estágios, em níveis de evolução podemos utilizar os estágios do Aikido como base para definir 3 estágios: Aprendiz (Aprentice), Companheiro (Fellow) e Mestre (Master). Estes nomes – ou algo como eles – deveriam ser usados em vez de júnior/pleno/sênior.

O artigo ilustra bem o que significa cada um destes estágios. O Aprendiz quer aprender tudo e ainda é muito ingênuo no uso do que aprende e não ousa fugir das regras que lhe apresentaram. O Companheiro conhece as regras e sabe como utilizá-las para resolver os problemas. O problema aqui é que estando livre do arcabouço das regras que lhe foram passadas, pode facilmente cometer erros. Podemos dizer que o Aprendiz peca por falta enquanto o Companheiro peca por excesso.  Mestre não apenas utiliza as regras, ele cria novas regras. Novas ferramentas, novas ideias que serão o futuro da profissão. Entenda-se que Mestre aqui significa “aquele que domina a arte” e não “aquele que ensina”. Um Companheiro pode ser melhor professor que um Mestre. Não ha relação.

Por outro lado, o mundo da tecnologia é cheio de domínios para trabalhar. Alguém pode ser mestre em Orientação a Objetos mas ser um Aprendiz numa certa linguagem ou plataforma.  Então este adjetivos por si só não significam muito se não forem acompanhados dos domínios.

Um anuncio de emprego como “Procura-se Analista Desenvolvedor Sênior com domínio da linguagem java e conhecimento das tecnologias EE, HTML, XML, Spring, Hibernate (…) Desejável conhecimento em linux. ” significa” Procura-se profissional que atue à mais de 5 anos e tenha mestria no uso da tecnologia java. O profissional deve saber resolver problemas com as tecnologias EE , HTML (…) . Necessário aprendizado de linux”.

A segunda forma deixa claro o nível de evolução necessário. Pois “desejável linux” significa que se você sabe linux, você tem pontos a mais, mas se não sabe, se aceita que você aprenda.

O artigo vai mais longe que uma mera classificação explorando a psique de cada nível,  mas eu queria foca a classificação antes para deixar claro o que significa. A analise do comportamento e da psique (como a pessoa pensa sobre um problema/solução) é muito interessante também. A ingenuidade do aprendiz pode levar a um excesso de zelo o que leva à sobre-engenharia como querer usar todos os padrões de projeto em uma única classe ou caso de uso enquanto o “desprendimento” do Companheiro pode levar à displicência e ao uso de gambiarras sem respeito pelas diretivas e as regras do desenvolvimento. Por outro lado a mestria não é algo que se “auto-proclama” é necessários dar provas uma e outra vez e de certa forma está também relacionado a não deixar que ninguém se desvie do caminho criando formas mais simples e/ou mais fáceis de alcançar os mesmos objetivos de forma que os aprendizes e companheiros, ou mesmos outros mestres, não se sintam tentados pelo “lado negro”.

Não é fácil criar um personalidade profissional. Conduzir o seu trabalho conforme as regras e diretivas da profissão. Nem ajudar os outros a seguir o mesmo trilho. Contudo a valorização profissional passar por aqui: um caminho de aprendizado e de renuncia a más práticas. Seguir o trilho pode demorar anos ou décadas e por isso o tempo de “exposição”  não é relevante.

Por fim, gostaria de deixar claro que estes adjetivos não devem ofender ninguém. Se alguém é considerado aprendiz isso não o deve ofender, deve o informar de quais são seus próximos passos.

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