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17 de set. de 2012

A evolução na arte de gerenciar projetos

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Em: http://www.tiespecialistas.com.br/2012/04/a-evolucao-na-arte-de-gerenciar-projetos/?utm_medium=twitter&utm_source=twitterfeed


Introdução
Gerenciar projetos é uma arte, que vem se desenvolvendo e evoluindo há tempos. Esta evolução, constante e esperada, faz parte do processo natural do desenvolvimento humano.
A gerência de projeto, como uma disciplina, foi desenvolvida de diversos campos de aplicação diferentes, incluindo a construção, a engenharia mecânica, projetos militares, etc.
O  conceito do desenvolvimento de tecnologia pode ser traçado desde o período Neolítico (~10.000 anos atrás), que marcou a transição da caça para agricultura e domesticação de animais. Com essa mudança, a evolução da engenharia, por assim dizer, acelerou, alcançando um primeiro pico durante o antigo reinado do Egito antigo (3.000 AC), com o desenvolvimento de sistemas de irrigação e esgoto, barcos, canais e claro, as inesquecíveis pirâmides. Em relação às pirâmides, é fato que consumiram  grande esforço humano e custo. Estima-se que cerca de 100.000 trabalhadores levaram 30 anos para completá-las, mas existem controvérsias sobre o número exato de trabalhadores e o tempo.
Projetos de grande porte também eram realizados em outras civilizações, como na Mesopotâmia, China e Grécia. Outros feitos de grandes proporções exemplificam a evolução os projetos com a Grande Muralha da China (220 AC), as campanhas militares de Alexandre o Grande, as realizações do Império Romano, o templo de Jerusalém.
Evolução
Henry Laurence Gantt, um engenheiro mecânico fez uma grande contribuição para a disciplina de gerenciamento de projetos em 1917 com a criação do famoso Gráfico de Gantt, um tipo de gráfico em barras que determina o cronograma do projeto. Essa ferramenta ainda é muito usada atualmente (MS Project).
Talvez o primeiro grande projeto que tenha aplicado o conceito de gerenciamento de projetos independente foi o Projeto Manhattan, que criou a primeira bomba atômica. Informações levantadas por historiadores indicam que o projeto estava em grandes dificuldades até que a liderança foi separada entre o gerenciamento do projeto (custo, prazo, escopo) liderado pelo general Leslie Groves, e o gerenciamento técnico, liderado pelo Dr. Robert Oppenheimer. Esta distinção foi um marco para o gerenciamento de projetos, pois até então era sempre o arquiteto ou especialista técnico que era responsável pelo gerenciamento de todos os elementos do projeto, o que muitas vezes provocava um conflito de interesses e causava grandes atrasos e gastos exagerados.
Reparou que não é de hoje a percepção de que nem sempre um excelente técnico pode ser um excelente gerente de projetos/gestor de projetos?
No entanto, o conceito do gerenciamento de projetos, como o conhecemos, teve suas origens no final dos anos 50, em decorrência da pressão do governo americano por uma corrida de desenvolvimento tecnológico durante a Guerra Fria.
O lançamento com sucesso do satélite Sputnik 1 pela União Soviética em 1957,  gerou uma reação forte dos americanos, que resultou em várias iniciativas do Departamento de Defesa (DoD), tais como:
  • A corrida espacial, com a criação da NASA em 1958.
  • Aumento drástico do fomento à pesquisa científica, aumentando em 1959 o orçamento da Fundação Nacional de Ciências americana de 34 para 134 milhões de dólares.
  • Criação do Programa de Mísseis Polaris, com a construção de um submarino nuclear para diminuir a diferença em relação ao arsenal russo. O Almirante Raborn da marinha americana tinha urgência para realizar o programa e as ferramentas de gerenciamento de projetos tradicionais não eram suficientes para garantir a entrega do projeto. O DoD então desenvolveu com a ajuda de Willard Frazar o PERT (Program Evaluation and Review Technique), um sistema de sequenciamento de atividades que consegue determinar o menor tempo para a conclusão de um projeto. A utilização do PERT se tornou obrigatório para todos os projetos da marinha Americana.
  • A Agência de Pesquisa Avançada de Projetos de Defesa do Pentágono iniciou nos anos 60 o projeto de uma rede de computadores chamada ARPANET, que foi a percussora da Internet de hoje.
Nesta mesma época outros avanços foram desenvolvidos no gerenciamento de projetos:
  • A DuPont criou o CPM (Critical Path Method), ou Método do Caminho Crítico, que é amplamente usado para identificar quais são as atividades críticas que podem atrasar o projeto.
  • O PERT foi depois estendido para o WBS (Work Breakdown Structure), também conhecido com Estrutura Analítica do Projeto.
  • O método tradicional do Caminho Crítico se estendeu para a conhecida Cadeia Crítica, que é baseada na Teoria das Restrições, criada por Eliyahu M. Goldratt.
No período dos anos 60 a 90 houve uma grande demanda nos Estados Unidos  pelo desenvolvimento de grandes projetos tecnológicos estimulados pelo governo e poder militar.
A partir dos anos 90, com a abertura dos mercados internacionais ocorreu uma evolução acelerada da tecnologia e a comunicação tornou-se mais fácil. Certamente o surgimento e a proliferação da Internet aceleraram o processo, aumentando muito o ritmo de mudanças no ambiente.
O ambiente empresarial se tornou turbulento e mais caótico, demandando novos produtos, mais agilidade, inovação das empresas em busca de sobrevivência e destaque  num mercado cada vez mais disputado. Gerenciar bem projetos se tornou  estratégico para a sobrevivência das empresas.
Foram desenvolvidas muitas técnicas, consolidação de melhores práticas, ao longo dos anos que podem ser aplicadas no gerenciamento de projetos como  Project Management Body of Knowledge (PMBOK) do PMI, Personal Software Process (PSP), o Team Software Process (TSP) e PRINCE2.
Em relação a projetos de desenvolvimento de software, a partir da metade dos anos 90 surgem definições modernas de desenvolvimento de software ágil como parte de uma reação contra métodos “pesados”, caracterizados por uma forte regulamentação e micro gerenciamento, que buscavam planejar todos os detalhes antecipadamente.
Em 2001 foi publicado o Manifesto ágil, documento que reúne os princípios e práticas desta metodologia de desenvolvimento. Os métodos ágeis iniciais incluíram: Scrum (1986), Crystal Clear, Extreme Programming (XP) (1996), Adaptive Software Development, Feature Driven Development, and Dynamic Systems Development Method (1995).
Conclusão
Qual a melhor forma de gerenciar os projetos?  Creio que não exista uma receita de bolo pré-definida e que seja aplicável para todo e qualquer tipo de projeto.
As adaptações dos processos, métodos, metodologias às necessidades reais dos interessados, patrocinadores são bem vindas e talvez indiquem um dos caminhos a serem considerados na arte de gerenciar projetos.

Fontes

PETERS, Tom, WATERMAN, Robert H. In Search of Excellence, Warner Books Edition, 1982.
PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: Técnicas para Análise de Indústrias e da Concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986.
CLELAND, David I. Project Management: Strategic Design and Implementation, 3rd edition, New York: McGraw Hill International Editions, 1999.
KERZNER, Harold. Project Management: A systems Approach to Planning, Scheduling and Controlling. 7th edition, New York: John Wiley & Sons, 2001.
RODES, Richard. The Making of the Atomic Bomb, New York: Touchstone Books, 1995.
THOMSETT, Rob. Managing large projects – a special case. The THOMSETT Company, 2000.
THOMSETT, Rob. Radical Project Management. New Jersey: Prentice Hall PTR, 2002.
Manifesto ágil, http://www.agilemanifesto.org/.


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